Ao  avaliar causas e circunstâncias do crescimento da ministra Dilma nas  pesquisas de opinião pública sobre a corrida presidencial, as principais  lideranças oposicionistas fornecem conclusões que talvez satisfaçam os  incautos. O problema é que essas avaliações, contaminadas pelas  conveniências que as aprisionam, estão separadas de um contexto amplo e  distante da realidade e das circunstâncias que os seus próprios erros  provocaram. Com isso, seus intérpretes revelam-se na verdade péssimos  atores, proferindo declarações que nem os próprios acreditam.  Contudo,  não é de duvidar que nos bastidores dessa novela burlesca, longe dos  holofotes e do público, seus protagonistas assumam, única e  reservadamente entre si, que as coisas escaparam às suas previsões.  Fazer o quê agora? Admitir seus erros, jamais. O jeito é continuar nessa  toada, adotando um comportamento hipócrita e, se possível, torcer por  um milagre. Enquanto isso não acontece, propagam que o nome da ministra  Dilma só cresceu por causa da superexposição na mídia, do constante  viajar e inaugurar obras ao lado de Lula. Não por acaso intentam  derrubar o PT e Dilma no tapetão, antes de sequer entrar em campo para a  disputa limpa e democrática.
 Há  pouco, Serra era disparado o favorito. Para coroar essa projeção, seus  áulicos diziam que voto e prestigio não se transferia e que Dilma seria  apenas um poste. Segundo a ultima pesquisa CNI/Ibope, Serra hoje teria  35%, Dilma 30%, alem de estar caracterizando um quadro extremamente  polarizado, existem outros aspectos importantes na pesquisa: na  espontânea, Lula mesmo não sendo candidato, lidera com 20%, Dilma esta  com 14% e Serra com 10%, a pesquisa aponta que 53% dos entrevistados,  portando mais da metade dos brasileiros preferem votar em um nome  apoiado pelo presidente Lula e que 42% desconhecem quem é o candidato  apoiado por ele.
 E  agora, então: votos e prestigio se transferem? Vaticinam que Dilma  chegará no máximo a 30%, limite que segundo eles é o teto do PT. Ou são  amadores ou fingem crer nas próprias mentiras.
 Em  um esforço hercúleo para estancar na marra esse crescimento, fingem não  enxergar que, fora a vigorosa popularidade de Lula, hoje há reais  condições para Dilma realizar uma ampla aliança eleitoral com a  participação do PMDB, PDT, PCdoB, PR, PRB, PP e possivelmente do PSB,  que além do tempo de TV e rádio ampliará o seu potencial eleitoral.  Pergunta-se: esses partidos coligados não iriam acrescentar voto para  ela? É bom lembrar que nem mesmo Lula conseguiu reunir tantos partidos  em torno de seu nome, o que confirma que Dilma tem ainda muito espaço  para crescer.
No tucanato é formidável o festival de equívocos. O  principal foi cometido na pré-campanha, ao aceitar de forma passiva as  imposições de Serra, sepultando o debate interno sobre a escolha do  melhor nome tucano para a disputa presidencial, descartando sumariamente  um líder da estatura de Aécio Neves. Para agravar esse erro, realizam  apelos infantis, ridículos, praticamente implorando que Aécio aceite ser  o vice. Mais erros que os tucanos cometeram; permitir que Sérgio Guerra  e FHC esquentassem o debate pré-eleitoral, ações que contrariam e  contradizem frontalmente a tática de Serra, que é a de evitar a  desqualificação atávica do governo Lula.
 E  a coleção de equívocos do PSDB inclui ainda: subestimar a candidatura  de Dilma e criticar de forma leviana os programas do governo Lula,  taxando-os como obra de ficção e, assim, perdendo credibilidade; ao  render-se de forma inflexível às teses do neoliberalismo patrocinadas  pelo DEM/PFL, praticando um verdadeira apostasia, comprometendo  inclusive suas próprias biografias, abandonando de vez as posições  históricas ligadas à social-democracia.
 Finalmente  o PSDB errou fragorosamente ao fiar-se e confiar nos efeitos da intensa  proliferação de factóides com os quais contavam para desgastar Lula e a  Dilma. Nessa empreitada, assumiu o risco de transformar-se em um corpo  político inanimado, quase vegetativo, sobrevivendo graças a aparelhos  conectados à grande mídia e presente na sociedade apenas pelo formalismo  representativo. O que é uma pena.
 Marcos  Alex Azevedo de Melo